

Contribuições de mídias
Em 2013, Baniwa cofundou a Rádio Yandê, a primeira rádio web indígena do Brasil, um marco na comunicação dos povos originários e um instrumento poderoso na luta por visibilidade e representatividade. Desde sua criação, a Yandê tem sido uma plataforma inovadora, transmitindo cultura, música e notícias indígenas para o mundo, com conteúdos produzidos e protagonizados por indígenas. A rádio se consolidou como um canal essencial para a difusão de vozes, histórias e saberes ancestrais, fortalecendo a identidade indígena e desafiando as narrativas coloniais historicamente impostas.
Como cofundador e coordenador, Baniwa desempenhou um papel fundamental não apenas na concepção da Rádio Yandê, mas também na curadoria e no direcionamento das pautas abordadas. Sua atuação foi determinante na construção de uma linha editorial crítica e inovadora, voltada para temas essenciais como direitos indígenas, territorialidade, cultura, arte e política. Seu olhar estratégico e provocador ajudou a moldar um espaço de resistência e valorização das identidades indígenas em um ambiente midiático amplamente dominado por perspectivas não indígenas.
Além de sua contribuição na organização e na orientação da rádio, Denilson Baniwa também foi responsável pela criação da identidade visual da Yandê e dezenas de artes estratégicas, incluindo o desenvolvimento de sua logomarca. A logo não é apenas um símbolo gráfico, mas carrega significados profundos, refletindo a essência e os valores da comunicação indígena: coletividade, memoriância indígena, conexão e resistência.
A Rádio Yandê conquistou uma audiência global, atingindo ouvintes em diferentes partes do mundo e transmitindo conteúdos em mais de 190 idiomas indígenas. Esse alcance demonstra o impacto da iniciativa e a necessidade de espaços autênticos para que os próprios povos indígenas possam contar suas histórias e compartilhar suas perspectivas sem intermediários.
Ao longo dos anos, a Rádio Yandê se consolidou como um movimento de comunicação indígena, inspirando outras iniciativas e fortalecendo redes de comunicação colaborativa entre diferentes povos e territórios. O legado de Baniwa e de seus parceiros nesse projeto é um testemunho da força da mídia indígena como ferramenta de transformação social, cultural e política. Somos gratos por sua passagem na história da Rádio Yandê, seja um bom ancestral hoje.
Uma Análise Completa de Denilson Baniwa
Denilson Baniwa é uma figura proeminente na arte contemporânea brasileira e nas mídias indígenas, cujas contribuições multifacetadas refletem um profundo compromisso com sua herança Baniwa e com a advocacy indígena mais ampla. Nascido em 18 de março 1984 na aldeia Darí, Rio Negro, Amazonas, pertence ao povo Baniwa, estimado em 20.000 indivíduos em clãs na tríplice fronteira do Brasil, Colômbia e Venezuela. Atualmente, reside e trabalha em Niterói, Rio de Janeiro, e sua obra abrange arte visual, curadoria e mídia, fazendo avanços significativos na preservação cultural e resistência contra narrativas coloniais.
Contexto Biográfico e Envolvimento Inicial
Nascido em uma região remota, Baniwa teve acesso à educação ocidental, o que lhe permitiu aprender sobre o mundo fora de sua tribo. Essa experiência foi fundamental para sua dedicação ao Movimento Indígena Amazônico, que ele descreve como sua “escola de política e luta”. Sua trajetória artística começou de forma acidental em 2016, ao ser convidado para a exposição “Dja Gjuata Porã” no Museu de Arte do Rio (MAR), momento em que percebeu o potencial da arte como aliada na luta pelos direitos e sobrevivência indígenas, além de abrir diálogos com não-indígenas.
Além de artista visual, Baniwa é publicitário, articulador de cultura digital e hacker cultural, contribuindo para a construção de uma imagética indígena em revistas, filmes e séries de TV. Desde 2015, atua fortemente nas regiões sul e sudeste do Brasil e Bahia, realizando palestras, oficinas e cursos que promovem a conscientização sobre os direitos indígenas. Suas contribuições incluem ilustrações para livros didáticos, como “Identidade em Ação” da Editora Moderna, e textos para obras como “Breve História da Arte” da Editora FTD, conforme listado em Perfil no Prêmio PIPA.
Em 2013, antes de sua extensa atividade de palestras e oficinas, Baniwa co-fundou a Radio Yandê, marcando um passo significativo em seu compromisso com as mídias indígenas e a cultura. Radio Yandê, a primeira rádio web indígena do Brasil, foi idealizada por Anapuaka Tupinambá. Como co-fundador e coordenador, Baniwa desempenhou um papel crucial no desenvolvimento desta plataforma, que transmite música, notícias e conteúdo cultural de várias comunidades indígenas em mais de 190 idiomas indígenas. A rádio alcança atualmente ouvintes em mais de 70 países, servindo como uma ferramenta vital para preservar e promover a cultura indígena, desafiando estereótipos coloniais, conforme detalhado em Conheça Yandê e Home – Rádio Yandé.

Contribuições para as Mídias Indígenas
Durante seu período como co-fundador e coordenador da Radio Yandê, Baniwa contribuiu significativamente para a criação de um cenário inovador para as mídias indígenas no Brasil. Como co criador da midia indigena, ele esteve envolvido na concepção inicial da rádio e ser um propagador de um conceito comunicacional indígena, que se apresenta como uma “Etnomídia Indígena” com foco na difusão da cultura indígena através da ótica tradicional, mas agregando tecnologia e internet. Sua experiência como publicitário e designer provavelmente influenciou o design e a branding da rádio, enquanto sua atuação artística pode ter enriquecido o conteúdo cultural, especialmente em programas que misturam arte e tradição.
Como coordenador, Baniwa ajudou a estruturar a rádio como uma mídia colaborativa, incentivando a participação de correspondentes indígenas de diversas etnias, o que fortaleceu a comunicação entre comunidades remotas e urbanas. A rádio trabalha com o conceito de “tudo que fazemos juntos fica melhor”, promovendo uma convergência de mídias mesmo nas aldeias mais isoladas, o que é uma forma importante de valorização e manutenção cultural. Essa abordagem colaborativa, com conteúdo produzido por indígenas, incluindo gravações de anciões em línguas nativas, foi essencial para preservar a tradição oral e ampliar o alcance das narrativas indígenas, conforme analisado em Rádio Yandé: protagonismo indígena.
O impacto de Radio Yandê foi profundo, sendo ouvida em mais de 70 países e proporcionando um espaço vital para os indígenas controlarem suas próprias narrativas, desafiando estereótipos e promovendo a realidade contemporânea indígena, incluindo música produzida por jovens indígenas e programas educativos sobre direitos e preservação cultural. Suas contribuições são detalhadas na seguinte tabela, destacando atividades-chave e seus efeitos:
Ano | Contribuição | Impacto |
---|---|---|
2013 – 13 de novembro | Co-fundação da Radio Yandê | Criação da primeira rádio web indígena, aumentando a visibilidade cultural |
2013-2018 | Coordenação e gestão colaborativa | Estruturação de uma rede de correspondentes indígenas, fortalecendo a comunicação |
Contínuo | Contribuições para conteúdo cultural e artístico | Enriquecimento da programação com arte e tradições, preservando a oralidade |
Contínuo | Promoção de programas educativos e informativos | Divulgação da realidade indígena, desafiando estereótipos e promovendo direitos |
Prática Artística e Temáticas
Sua obra é caracterizada por uma abordagem antropofágica, apropriando-se de linguagens ocidentais para descolonizá-las e integrá-las às tradições visuais de seu povo. Utiliza uma variedade de meios, incluindo performance, pintura, projeções a laser e imagens digitais, para abordar questões como o impacto do sistema colonial, a catequese e a destruição ambiental. Seus trabalhos frequentemente resgatam cosmologias indígenas, criando um banco de dados visual que salvaguarda conhecimentos ancestrais, enquanto critica a invisibilidade histórica dos indígenas na narrativa oficial brasileira.
Um exemplo notável é sua série “Moqueca de Maridos”, exibida em 2023 na galeria A Gentil Carioca, em São Paulo (Exposição Moqueca de Maridos). A exposição explora mitos eróticos indígenas com um título provocativo, apresentando obras que misturam consumo sexual e canibal, como descrito em uma citação de Carlos Fausto: “Na série ‘Moqueca de Maridos’ – título delicioso retirado de uma coletânea de mitos eróticos indígenas – Denilson põe em cena as formas do comer, sexual e canibal, em que gente e bicho se misturam”. Outra faceta importante de sua prática são as performances, como “Pajé-Onça”, documentadas na 22ª Bienal de Sydney em 2020 (Participação na Bienal de Sydney), trazendo a figura do xamã jaguar para espaços urbanos, resgatando a memória indígena e propondo uma presença ativa em contextos não-indígenas.
Reconhecimentos e Exposições
Baniwa é amplamente reconhecido no cenário artístico brasileiro e internacional. Foi vencedor do PIPA Online em 2019, indicado ao PIPA em 2019 e 2021, e selecionado como Artista do Prêmio PIPA em 2021, além de integrar o Comitê de Indicação do Prêmio PIPA em 2022 e 2023, conforme detalhado em Perfil no Prêmio PIPA. Sua representação pela galeria A Gentil Carioca, com sede no Rio de Janeiro e São Paulo, reforça sua posição no mercado de arte contemporânea (Denilson Baniwa na A Gentil Carioca).
Entre suas participações em bienais, destaca-se a 35ª Bienal de São Paulo em 2023, com a temática “coreografias do impossível”, e a primeira edição da Bienal das Amazônias, em Belém do Pará, no mesmo ano. Também ocupou o octógono da Pinacoteca de São Paulo com a instalação “Escola Panapaná” em 2023, um projeto que reflete sua visão educacional e cultural. A seguir, uma tabela com detalhes de algumas de suas exposições mais relevantes:
Ano | Exposição | Localização | Detalhes |
---|---|---|---|
2023 | Moqueca de Maridos | A Gentil Carioca, São Paulo | Explora mitos eróticos indígenas, abertura em 26/08/2023 |
2022 | Frontera | A Gentil Carioca, Rio de Janeiro | Primeira exposição individual na galeria, abertura em 12/11/2022 |
2020 | 22ª Bienal de Sydney | Austrália | Incluiu performances como “Pajé-Onça”, com apoio da Open Society Foundations |
2023 | Escola Panapaná | Pinacoteca, São Paulo | Instalação refletindo educação e cultura indígena |
2023 | 35ª Bienal de São Paulo | São Paulo | Tema “coreografias do impossível”, participação destacada |
Impacto e Recepção Crítica
Sua obra é frequentemente analisada como uma forma de ativismo cultural, conectando o universo indígena com questões contemporâneas. Em entrevistas, como a conduzida por Gillian Sneed, PhD, em 22 de setembro de 2021, para o projeto Digital Brazil (Entrevista no Digital Brazil Project), Baniwa explica que sua arte surgiu acidentalmente, mas tornou-se essencial para sua luta. Ele destaca: “A arte para os Baniwa não se separa da vida. É intrinsecamente ligada ao meu ser”, enfatizando a integração entre sua identidade e prática artística.
Críticos, como os de Crítica da exposição Moqueca de Maridos, elogiam sua capacidade de traduzir o universo indígena com ativismo, pesquisa e provocação, especialmente em exposições como “Moqueca de Maridos”, que aborda os estragos da catequese colonial e a preservação cultural. Sua produção é vista como um marco na representação indígena, desafiando paradigmas e posicionando os povos originários como protagonistas no território nacional.
Detalhes Adicionais e Obras Específicas
Além das performances e pinturas, Baniwa contribui para publicações educacionais, como ilustrações para livros didáticos, como “Identidade em Ação” da Editora Moderna, e textos para obras como “Breve História da Arte” da Editora FTD, conforme listado em Perfil no Prêmio PIPA. Essas contribuições reforçam seu papel na disseminação de conhecimentos indígenas em contextos formais.
Sua obra “Ekúkwe (the poisoned earth and the smell of death)”, de 2018, e “Cunhatain, musical anthropophagy”, também de 2018, são exemplos de como ele incorpora referências à cultura pop e tecnologia, refletindo a experiência indígena contemporânea, como observado em Conexão entre cultura indígena e arte urbana.
Enfim…
Denilson Baniwa é uma voz essencial na arte contemporânea, cuja obra transcende a estética para se tornar um ato de resistência e preservação cultural. Sua pesquisa sobre os aparecimentos e desaparecimentos de indígenas na história oficial do Brasil, combinada com sua prática artística e sua atuação na Radio Yandê, oferece uma perspectiva única sobre a luta indígena, especialmente em um contexto de mais de 305 povos e 274 línguas distintas no Brasil em 2020, conforme documentado em Biografia na Enciclopédia Itaú Cultural. Sua trajetória continua a inspirar e desafiar, posicionando a arte e a mídia como espaços de diálogo e transformação.
Por Anapuaka M. Tupinambá Hãhãhãe – @anapuakatupinamba
Referencias
- Perfil no Prêmio PIPA, detalhes sobre prêmios e indicações
- Conheça Yandê, a rádio web de música indígena contemporânea brasileira, história e impacto
- Home – Rádio Yandé, página oficial com programação e missão
- Rádio Yandé, um “etnomídia” pelo “protagonismo indígena”, análise do impacto
- Exposição Moqueca de Maridos no Artsoul, análise crítica da exposição
- Crítica e erotismo na exposição Moqueca de Maridos, artigo detalhado
- Conexão entre cultura indígena e arte urbana, reflexões contemporâneas
- Entrevista no Digital Brazil Project, insights sobre arte e identidade
- Participação na Bienal de Sydney, detalhes sobre participação artística
- Biografia na Enciclopédia Itaú Cultural, contexto histórico e cultural
- Denilson Baniwa na A Gentil Carioca, artistas representados pela galeria
- Conversa com Denilson Baniwa no PIPA podcast, episódio com vencedor do PIPA Online 2019
- Denilson Baniwa: arte e ativismo pelas causas indígenas, artigo detalhado
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