Pela Primeira Vez, um Indígena Assume uma Cadeira no Conselho da Cidade do Rio de Janeiro

Foto acervo pessoal

No dia 10 de abril de 2025, um marco histórico foi celebrado no Palácio da Cidade, em Botafogo (RJ), com a realização da 1ª reunião do novo ciclo do Conselho da Cidade do Rio de Janeiro (Gestão 2025-2028). Pela primeira vez, um representante indígena passa a integrar oficialmente esse espaço de formulação de políticas públicas e de diálogo entre sociedade civil e poder público.

O nomeado é Dauá Puri, professor formando pela Universidade Federal de Viçosa (MG), artista, curador, educador e idealizador do Museu da Cultura Puri, um dos mais ativos projetos de valorização da memória e arte dos povos originários na região sudeste. A indicação partiu de um grupo de amigos, apoiadores e lideranças que reconhecem sua trajetória e seu compromisso com a cultura, a ancestralidade e os direitos coletivos.

O Conselho da Cidade é um órgão consultivo criado para debater o presente e o futuro do Rio a partir de múltiplos olhares, reunindo representantes de diversos setores sociais. A participação de Dauá simboliza um avanço fundamental na inclusão dos povos indígenas nos espaços de decisão urbana, e inaugura uma nova etapa para a política cultural e social do município.

“Aceitei essa indicação por entender que é urgente socializar temas importantes para quem mora no Rio. Vamos lutar por políticas públicas que respeitem as raízes e deem acesso real à cultura, à mobilidade, à arte e à literatura nas comunidades”, afirma Dauá Puri.

Entre as propostas levantadas pelo novo conselheiro estão:

  • a inserção efetiva da arte, literatura e música indígena nos equipamentos culturais da cidade;
  • a criação de programações específicas para as comunidades urbanas e periféricas;
  • o acesso gratuito aos domingos com transporte público funcionando plenamente, para garantir o lazer e a vivência cultural das famílias trabalhadoras;
  • e o reconhecimento da importância do patrimônio imaterial, das memórias ancestrais e das expressões artísticas dos povos da terra.

Por que ocupar os conselhos é estratégico para os povos indígenas urbanos?

A presença de indígenas em conselhos municipais, estaduais e federais é um gesto político de enfrentamento ao apagamento. É uma forma de disputar os rumos da cidade com voz ativa, não mais como objeto de políticas assistencialistas, mas como sujeitos criadores de mundos e construtores de soluções concretas.

Durante séculos, a ideia de “índio” foi restrita ao território rural, como se não existisse indígena na cidade. Mas a realidade é outra: hoje há centenas de milhares de indígenas vivendo nas periferias urbanas brasileiras, enfrentando os mesmos desafios estruturais que toda a população preta e pobre — somados à violência do racismo estrutural e à invisibilidade institucional.

Estar no Conselho da Cidade do Rio de Janeiro é, portanto:

  • afirmar a cidade como território indígena também;
  • influenciar políticas públicas de forma direta;
  • reivindicar espaços para a cultura originária viva;
  • criar caminhos para a valorização da ancestralidade em ambientes urbanos.

A luta por território agora também passa pelas salas de reunião da prefeitura. É um novo tempo onde o corpo indígena está presente para pensar, propor, transformar. E isso muda tudo.

Essa conquista de Dauá Puri não é individual. É coletiva, ancestral, e deve ecoar por todo o Brasil. Que mais indígenas possam ocupar cadeiras nos conselhos de cultura, de planejamento urbano, de educação e meio ambiente. O futuro das cidades precisa ser indígena, ou não será futuro.


#DauáPuri, #ConselhoDaCidade, #RioDeJaneiro, #PolíticaIndígena, #CulturaIndígena, #MuseuDaCulturaPuri, #PresençaIndígena, #CidadeAncestral, #IndígenasNasCidades, #TerritórioUrbanoIndígena, #RJ, #PolíticaPúblicaIndígena, #IndígenasNoPoder, #FuturoIndígena, #PatrimônioImaterial, #DireitosIndígenas, #GestãoCultural, #DemocraciaCultural, #RepresentatividadeIndígena, #CidadeMulticultural, #AncestralidadeViva

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.