No coração da Amazônia, no Rio Copeá (AM), uma comunidade indígena Tikuna enfrenta desafios diários para preservar o pirarucu, um peixe gigante e símbolo da biodiversidade. Mais do que sustento, esse manejo sustentável é uma batalha por tradição e futuro. Quer saber como eles resistem e mantêm a esperança?
A preservação dos recursos naturais e o manejo sustentável têm sido temas centrais em diversas comunidades indígenas na Amazônia. Um exemplo significativo desse esforço ocorre na comunidade São Sebastião da Liberdade, do povo Tikuna, localizada no Rio Copeá, Amazonas, mais especificamente no Lago do Mucura. Nesta região, o manejo do pirarucu, uma espécie emblemática da Amazônia, é realizado com determinação, mas também enfrenta inúmeros desafios.
A Comunidade e o Lago do Mucura
O Lago do Mucura é uma área vital para a comunidade indígena São Sebastião da Liberdade. Os Tikuna, que vivem em harmonia com a natureza há séculos, encontraram no manejo do pirarucu uma forma de subsistência e preservação ambiental. Contudo, a manutenção dessa prática exige grandes esforços e enfrenta barreiras significativas.
Desafios do Manejo do Pirarucu
Em conversa com nossa equipe, Elso, um dos coordenadores de pesca da comunidade, compartilhou as dificuldades que o grupo enfrenta diariamente.
“Lutamos muito para manter o lago preservado. A segurança é um grande desafio, e enfrentamos muitos riscos para continuar nosso trabalho”, relatou.
A falta de apoio dos órgãos competentes, como o IBAMA e a FUNAI, agrava a situação. Sem segurança adequada, a comunidade lida com invasões frequentes de suas áreas de manejo, o que compromete não apenas a preservação do pirarucu, mas também a segurança dos próprios comunitários.
Pedido de Apoio e Parcerias
Elso fez um apelo urgente às autoridades e possíveis parceiros:
“Estamos arriscando nossas vidas aqui, mas precisamos de apoio. Queremos que órgãos como o IBAMA e a FUNAI olhem por nós. Até agora, tivemos pouco apoio, e continuaremos enfrentando as dificuldades, se Deus quiser.”
O pedido de ajuda se estende a empresas e outras organizações que possam colaborar com materiais de pesca e melhorias nas condições de trabalho.
“Precisamos de benefícios para comprar materiais de pesca e melhorar nossas moradias no lago, onde ficamos durante a noite. Um flutuante de apoio seria essencial para nosso trabalho”, explicou Elso.
Um Futuro Esperançoso
Apesar das dificuldades, a comunidade Tikuna de São Sebastião da Liberdade mantém a esperança. Eles sabem que, com o apoio certo, poderão continuar seu trabalho de manejo sustentável e assegurar um futuro melhor para as próximas gerações.
“Queremos ser reconhecidos e apoiados. Nosso projeto não é apenas para nós, mas para toda a comunidade que trabalha junta pelo bem do nosso meio ambiente.” – Elson Senores indígenas Tikuna coordenador do Manejo de Pesca do Pirarucu da Aldeia indígena São Sebastião da liberdade do Rio Copéa, AM.
O Pirarucu
O peixe de água doce chamado Pirarucu é conhecido popularmente como Arapaima ou peixe pirosca. Arapaima gigas. Sua espécie é distribuída na Bacia Amazônica, na parte setentrional da América do Sul. O Pirarucu é um peixe que habita águas rasas dos rios e lagos.
5 Curiosidades Únicas sobre o Pirarucu
- Respiração Aérea Obrigatória
Embora possua brânquias, o pirarucu é um respirador aéreo obrigatório, precisando subir à superfície a cada 20 minutos para respirar. Essa adaptação é essencial para sua sobrevivência em águas pobres em oxigênio. - Escamas Multifuncionais
As escamas do pirarucu são extremamente rígidas e ásperas. Por isso, ribeirinhos da Amazônia frequentemente as utilizam como lixas de unha ou na confecção de ornamentos artesanais. - O “Bacalhau da Amazônia”
Sua carne, quase sem espinhas, é muito valorizada. Após um processo de salga e secagem ao sol, ela é comercializada em mantas, semelhante ao bacalhau tradicional, o que lhe rendeu o apelido de “bacalhau da Amazônia”. - Tamanho Gigante
O pirarucu é um dos maiores peixes de água doce do mundo, podendo atingir até 3 metros de comprimento e pesar cerca de 200 kg. - Fóssil Vivo
Pertencente a um grupo de peixes primitivos, sua linhagem remonta a milhões de anos, tornando-o um verdadeiro “fóssil vivo” das águas da Amazônia.
Por: Edson Kambeba | Comunicador e ativista indígena do Povo Ômagua Kambeba. Diretor Adjunto de Comunicação da União dos Povos Indígenas de Coari/AM. Diretor do Canal Digital TV Coari
Fptos: Edson Kambeba | @edsonkambeba_oficial @tvcoari.am_oficial
#Pirarucu, #ManejoSustentável, #PovosIndígenas, #Tikuna, #Amazônia, #PreservaçãoAmbiental, #LagoDoMucura, #IBAMA, #FUNAI, #Biodiversidade, #SegurançaAmbiental, #Parcerias, #DesenvolvimentoSustentável, #CulturaIndígena, #ResistênciaIndígena, #MeioAmbiente, #PescaSustentável, #ComunidadeTikuna, #ApoioInstitucional, #ConservaçãoDaNatureza
“Os conteúdos, opiniões e reflexões apresentados neste artigo ou reportagem são de inteira responsabilidade de seus autores(as). Este veículo de etnomídia indígena tem como compromisso promover a pluralidade de perspectivas, amplificar as vozes dos povos indígenas e valorizar a riqueza das culturas originárias. Ressaltamos que as opiniões expressas não representam, necessariamente, a posição editorial deste veículo, que se dedica ao fortalecimento das narrativas ancestrais e contemporâneas em um espaço de diálogo, respeito e livre expressão responsável.”
Respostas de 2
De extrema importância o trabalho de vocês, comunicadores indígenas, ao trazerem informações e discussões como esta, sobre o Pirarucu. Parabéns e força!
Parabéns pelo trabalho de todos vocês dessa comunidade