
Muito antes das caravelas cruzarem o Atlântico, muito antes do termo “Brasil” ser pronunciado, já existia em pleno coração da Amazônia uma civilização complexa, organizada, espiritualizada e artisticamente sofisticada. Hoje, Santarém, no estado do Pará, é conhecida como uma cidade entre os rios Tapajós e Amazonas. Mas no passado, era muito mais: era um centro cerimonial, uma verdadeira “Meca Amazônica”, como aponta uma recente investigação arqueológica.
Descobertas que Redefinem a História
Entre 2006 e 2015, escavações realizadas em regiões urbanas de Santarém revelaram vestígios impressionantes: construções planejadas, artefatos de cerâmica altamente elaborados, urnas funerárias e evidências de rituais. Tudo isso aponta para uma sociedade que desenvolveu sistemas de organização social complexos, com práticas religiosas e culturais profundamente enraizadas.
O que isso quer dizer? Que os povos originários da Amazônia não eram, como muitos livros de história ainda sugerem, apenas “tribos nômades”. Eles constituíam civilizações inteiras, com conhecimento profundo da floresta, sistemas de produção sustentável, arte refinada e pensamento cosmológico avançado.
Civilização Ancestral, Sabedoria Atual
Os achados em Santarém se somam a um crescente corpo de evidências arqueológicas que mostram que a Amazônia, antes de 1500, era densamente povoada por milhões de indígenas. Esses povos viviam em cidades estruturadas, com sistemas agrícolas sustentáveis (como os terras pretas amazônicas) e redes de comunicação que conectavam territórios vastos.
Essa redescoberta tem implicações diretas na forma como entendemos a história do Brasil. A narrativa oficial, colonizada, começa com a chegada dos portugueses. Mas essa nova visão arqueológica mostra que já havia, aqui, civilizações milenares, com sistemas próprios de ciência, arte, espiritualidade e governança.
Direitos Culturais e Humanos: Reconhecer é Reparar
A partir dessa verdade histórica, devemos perguntar: por que essa história foi apagada? Por que tantas vezes os povos indígenas são retratados como “atrasados” ou “simples”? Porque o colonialismo não apenas invadiu territórios — ele também silenciou narrativas. A desvalorização dos saberes indígenas é uma violação dos direitos culturais e humanos dos povos originários.
Reescrever a história, portanto, não é apenas uma questão acadêmica: é uma ação política. É reconhecer os direitos territoriais, culturais e espirituais dos povos indígenas. É reafirmar que a diversidade é um patrimônio nacional. É garantir que nossas escolas, museus, universidades e mídias incluam essa memória viva.
📚 Educação Como Ferramenta de Transformação
É fundamental que indígenas e não indígenas tenham acesso a essa história. Para os povos indígenas, isso representa a reafirmação de sua ancestralidade e o fortalecimento de sua identidade. Para os não indígenas, é um convite à escuta, ao respeito e à descolonização do pensamento.
A educação indígena não é apenas sobre “ensinar português e matemática”, mas também sobre valorizar os conhecimentos tradicionais, as línguas originárias e os modos de vida que cuidam da vida e da natureza. Como diz um provérbio ancestral: “Quando os mais velhos falam, a floresta escuta.”
Honre quem te trouxe aqui, construindo um amanhã digno para os próximos: Caminhos para o Futuro
Reconhecer Santarém como uma “Jerusalém” amazônica não é uma metáfora romântica — é um passo firme para reconhecer a centralidade dos povos indígenas na formação do que hoje chamamos de Brasil. E mais: é um chamado para sermos bons ancestrais no presente. Para garantir que nossos filhos, netos e futuras gerações conheçam a verdade sobre suas origens e possam viver em um país mais justo, diverso e respeitoso.
Redação Rádio Yandê
Sugestão de Leitura e Ação:
- Estude a história indígena local da sua região.
- Apoie iniciativas indígenas de comunicação, como rádios, festivais, startups e projetos culturais.
- Defenda os direitos territoriais e culturais dos povos originários.
- Questione os currículos escolares e proponha a inclusão de conteúdos indígenas.
- Compartilhe essa matéria com outras pessoas — o conhecimento precisa circular.
📢 Se a Amazônia fala, que escutemos com o coração aberto e com a mente descolonizada.
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