
Mato Grosso do Sul | Em uma denúncia impactante, a Comunidade Escolar Indígena Guilhermina da Silva relatou novos episódios de racismo vividos por seus estudantes indígenas Terena durante a 30ª edição do CAMPEAN (Campeonato Escolar de Anastácio), realizado no Mato Grosso do Sul. Na última quinta-feira (24), ao final de uma partida de futsal infantil masculino, um atleta indígena foi alvo de ofensas racistas por parte de uma estudante da Escola Deputado Carlos Souza Medeiros, que enviou uma mensagem chamando-o de “macaco” nas redes sociais. A direção da escola indígena divulgou o caso em nota de repúdio nesta sexta-feira (25), destacando que possui registros das mensagens.
De acordo com a nota assinada pela Professora Doutora Évelin Tatiane Terena, e endossada pelo Cacique Vanderson, da Aldeia Aldeinha, o ataque racista não é um caso isolado. No ano passado, na edição de 2023 do campeonato, estudantes da mesma escola indígena sofreram insultos semelhantes durante uma partida de handebol mirim feminino, quando foram chamadas de “índias fedidas” por membros da torcida adversária. Esse padrão de comportamento, segundo a comunidade, é um reflexo do racismo estrutural que persiste em diferentes espaços sociais, incluindo o ambiente escolar.
“Infelizmente, esses ataques demonstram que o preconceito contra os povos indígenas continua enraizado em nossa sociedade”, declarou a professora Évelin. “Nossa presença na região é histórica, desde os tempos em que Anastácio era apenas a margem esquerda de Aquidauana. Estamos aqui e merecemos respeito, tanto quanto qualquer outra comunidade.”

Medidas Legais e Sociais
A comunidade indígena afirma que tomará as medidas legais cabíveis. A legislação brasileira classifica o racismo como crime inafiançável e imprescritível, conforme estabelece a Constituição Federal, e em casos envolvendo menores de idade, o Código Civil prevê que pais ou responsáveis sejam responsabilizados civilmente pelos atos de seus filhos. Além disso, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) define uma série de medidas socioeducativas para adolescentes que cometam atos discriminatórios.
A comunidade escolar e líderes indígenas demandam ações concretas das instituições responsáveis pelo campeonato e das autoridades locais para garantir que casos como esses sejam prevenidos e devidamente sancionados. “Não vamos aceitar essa situação. Os responsáveis precisam ser punidos, e se são menores, que seus pais respondam por isso”, reforça a nota.
Resposta das Instituições
Até o momento, a direção da Escola Deputado Carlos Souza Medeiros não emitiu nenhuma declaração sobre o incidente, mas o espaço permanece aberto para que a escola se manifeste. A falta de uma resposta até agora tem gerado insatisfação entre os membros da comunidade indígena, que exigem uma postura mais clara e uma ação efetiva para que o ambiente escolar seja de respeito e igualdade.
Racismo e Educação
Para estudiosos e ativistas, episódios como esses ressaltam a necessidade de um enfoque mais robusto na educação contra o racismo nas escolas. Instituições de ensino precisam implementar programas educativos que promovam a diversidade cultural e o respeito entre os estudantes, especialmente em eventos que envolvem competição. A diretoria da escola indígena Guilhermina da Silva defende que o CAMPEAN, como espaço de interação entre jovens de diferentes contextos culturais, deveria ser uma oportunidade para a construção de laços e o fortalecimento da compreensão mútua, não um cenário para práticas racistas e de segregação.
Enquanto aguardam providências, a comunidade escolar indígena reafirma que seguirá denunciando casos de discriminação e se mobilizando para combater o racismo em todas as esferas. “Estamos aqui para construir um futuro de igualdade para todos. Não vamos nos calar diante dessas atitudes”, finaliza a professora Évelin.
A reportagem seguirá acompanhando o desdobramento do caso e atualizando as informações conforme surgirem novas respostas das instituições envolvidas.
Postagem Denúncia

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