
O Festival de Cultura Indígena do Eware (FIE) chegou à sua 11ª edição consolidado como um dos maiores encontros de povos originários do Brasil. Realizado na aldeia Belém do Solimões, no Território Indígena Eware I, nos municípios de TaO 11º FIE – Festival de Cultura Indígena do Eware, realizado na maior aldeia indígena do Brasil, Belém do Solimões, localizada no Território Indígena Eware I, nos municípios de Tabatinga e São Paulo de Olivença, no estado do Amazonas, é um evento que simboliza a resistência, a união e a celebração dos povos originários. A aldeia de Belém do Solimões, composta por mais de 10 mil habitantes, é um espaço vibrante e plural que reúne as etnias Ticuna, Kokama, Kanamari e Kamabeba, fortalecendo as raízes culturais e a identidade dos povos indígenas da região do Alto Solimões.
Esse evento grandioso é mais do que uma festividade; é uma oportunidade de protagonismo indígena, onde vozes antes marginalizadas ganham espaço para expressar suas culturas, preocupações e soluções para os desafios enfrentados nos dias atuais. Realizado em um dos territórios mais significativos para os povos indígenas, o festival reforça a importância da união entre os povos originários para a preservação de sua história, língua, tradição e, principalmente, de seus territórios.
Com uma programação diversificada, o festival reúne lideranças indígenas, instituições nacionais e internacionais, e promove oficinas educativas, discussões sobre ecologia e mudanças climáticas, e atividades culturais que ressaltam o cuidado com a natureza e a busca por soluções para problemas como o alcoolismo, as drogas e a invasão de territórios. É também um momento de denunciar a negligência histórica e exigir respostas concretas para as ameaças constantes que as aldeias enfrentam, como a falta de segurança e as agressões ao meio ambiente.
O festival, com o tema “Água e Mudanças Climáticas”, busca destacar a urgência de preservar o recurso mais precioso da Mãe Terra, a água, e a necessidade de atitudes transformadoras diante da emergência climática. As atividades realizadas no evento fortalecem a luta coletiva por um futuro mais sustentável, onde a cultura indígena desempenha um papel fundamental na construção de soluções e na preservação do planeta.
A realização deste evento na maior aldeia indígena do Brasil ressalta não apenas a riqueza cultural da região, mas também a força de um povo que luta diariamente por sua dignidade e pelo reconhecimento de seus direitos. O 11º FIE é, assim, um testemunho da resiliência e da determinação dos povos indígenas do Território Eware I, que, com coragem e esperança, continuam a escrever sua história e a inspirar o mundo com suas práticas de cuidado, resistência e amor à terra.
11 FIE
O 11º FIE – Festival de Cultura Indígena do Eware teve início na aldeia de Belém do Solimões, reunindo os povos Ticuna e Kokama do Brasil e da Colômbia, provenientes dos municípios de Benjamin Constant, São Paulo de Olivença e Tabatinga. O evento contou com a presença de diversas instituições nacionais e internacionais, incluindo FUNAI, Universidade da Flórida – FIU, REPAM, COSAMA, UNICAMP, UFAM, UEA, IDAM, SESAI, Fazenda da Esperança, Rádio Nacional do Alto Solimões, além das Prefeituras Municipais de Tabatinga, São Paulo de Olivença e Benjamin Constant.

8ª Assembleia Geral das Cacicas e Caciques do Eware
Simultaneamente ao festival, ocorreu a 8ª Assembleia Geral das Cacicas e Caciques do EWARE I, EWARE II e Feijoal nos dias 26 e 27 de janeiro de 2025. Durante o encontro, as lideranças responderam às novas solicitações do Ministério Público Federal (MPF), em decorrência das denúncias feitas nos últimos anos sobre o abandono da região e as constantes invasões territoriais. O sentimento de esperança cresceu entre os participantes, com a percepção de um novo olhar das instituições para os povos indígenas. Um exemplo significativo foi a presença da FUNAI de Brasília e de instituições internacionais como a FIU e a REPAM.
Um Grito de Urgência por Segurança Publica:
As cacicas e os caciques, unidos, reafirmaram suas demandas urgentes: “Precisamos com urgência da ajuda do IBAMA e da Polícia em nossas aldeias, pois sofremos constantes perigos e ameaças devido à falta de segurança! Por favor, nos escutem!”. A mensagem reflete o clamor por medidas que garantam a proteção dos territórios indígenas, pois a região e os territórios indígenas estão dominados por narcotráficos, garimpeiros, pescadores estrangeiros e da biopirataria, que os jovens e mulheres indígenas e de todas comunidades ficaram com as consequências.
Tema Central: Água e Mudanças Climáticas
Com o tema “Água e Mudanças Climáticas”, o festival promoveu oficinas educativas ao longo de todo o dia, incentivando a troca de experiências sobre ecologia indígena e o cuidado com a natureza. Em um verdadeiro “ajuri”, foram abordadas estratégias para preservar a água, mudar atitudes e encontrar soluções para os desafios emergenciais das mudanças climáticas, incluindo estiagens e secas prolongadas. Além disso, as discussões destacaram a valorização das culturas indígenas, o combate ao alcoolismo e às drogas, e a busca por maneiras eficazes de cuidar, proteger e defender o território.
Reconhecimento ao Esforço Comunitário
Parabéns a toda a comunidade pela união em prol do cuidado e da luta comum em defesa da ecologia e da Mãe Terra. Um destaque especial vai para os jovens indígenas da Associação de Desenvolvimento Artístico e Cultural da Aldeia Indígena de Belém do Solimões (ADACAIBS) e para as mulheres da Associação MAPANA pela organização exemplar do evento. Seu protagonismo fortalece a identidade indígena na região da tríplice fronteira do Alto Solimões, no Amazonas, Brasil.
Gratidão às Lideranças e Parceiros
Um agradecimento especial às lideranças indígenas e aos Frades Menores Capuchinhos da Paróquia São Francisco de Assis, que têm caminhado lado a lado com os povos indígenas e instituições parceiras, preocupados em enfrentar os desafios e garantir o bem-estar das comunidades.
Por: Itamar Neco (Tchurucü Neco) | Instagram: @tchurucu.neco
Antropólogo e Comunicador
Fotos: Foto: @belemdosolimões
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