Dos 463 municípios afetados até momento pela tragédia climática no Rio Grande do Sul, 332 têm comunidades indígenas. O impacto é sentido de forma direta ou indireta, seja com alagamentos das aldeias, ou pelo excesso de chuvas e ventos fortes nas estruturas e localidades, causando a destruição. A Rádio Yandê conversou com o missionário, professor e coordenador do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) na Região Sul, Roberto Liebgott, sobre a situação vivenciada pelas aldeias.
RY – Professor Roberto, como o senhor avalia a situação das comunidades indígenas nesse momento, no Rio Grande do Sul?
Roberto Liebgott – É uma situação bastante, muito grave! Muito impactante pela destruição dos bens, destruição das casas, destruição do ambiente todo, mas também há uma destruição das histórias de vida, dos lugares de ser e viver das pessoas que vão perder tudo. Então, é um ambiente bastante complexo e a gente não tem muito, como projetar o futuro depois que as águas baixarem naquele processo de reconstrução.
RY – Como o Cimi Sul vem auxiliando as comunidades nessa reconstrução, em um momento tão difícil de catástrofe climática?
Roberto Liebgott – A gente fez no primeiro momento uma uma composição de forças sociais, institucionais, a partir do chamamento das organizações indígenas, como a Comissão Yvyrupá, Arpinsul, as entidades indigenistas, como o Cimi, Comin, CTI e as organizações não indigenistas também, que se envolveram e pessoas que passaram a atuar intensamente, pessoas ligadas em secretarias de governo. A gente formou um conjunto aqui de organizações e de pessoas, que foi muito importante para viabilizar um processo de atuação que garantisse a assistência emergencial as comunidades indígenas. No primeiro momento, a gente organizou um levantamento das comunidades mais impactadas e as menos impactadas. Fomos nos envolvendo no sentido de desencadear uma campanha tanto pelas redes sociais, mas também presencial junto aos órgãos e instituições, junto à igreja e sociedade no sentido de obter doações que a gente pudesse levar as comunidades para suprir e assegurar alimentos, água potável, lona para cobrir as casas danificadas, colchões, colchonetes, cobertas. Foi um grande mutirão!
RY – E a partir de agora, professor, suprindo as comunidades com itens básicos, quais os próximos passos para auxiliar as famílias e suas aldeias?
Roberto Liebgott – A gente já está no segundo momento, em que a gente aguarda para que o governo se estruture de forma que possa atender a todos de maneira igual, garantindo segurança, proteção, estabilidade, assistência permanente as comunidades indígenas Kaingang, Mbyá Guarani, Charrua e Xokleng. Então, foi esse primeiro esse impacto da devastação, depois o impacto em ver que tudo o que se perdeu e agora, olhar a realidade e pensar na reconstrução. No caso dos povos indígenas, assegurar que eles tenham os seus direitos territoriais resguardados e que tenham uma assistência justa, digna, diferenciada, para que eles também possam projetar os seus futuros.
As organizações pedem apoio e doação: de alimentos, material de higiene e limpeza, lonas, telhas, colchões e cobertores para as comunidades.
Para ajudar as comunidades, basta contribuir com a campanha do Cimi em parceria com a Arpinsul e a APIB para apoiar a população indígena. Aqui estão o QRCode e a chave pix:
PONTO DE COLETA
Doações para as comunidades indígenas: Paróquia Menino Jesus de Praga – Rua Dr. Pitrez, 61, bairro Aberta dos Morros, Porto Alegre/RS.
Horário: das 08h às 12h e das 14h às 18h.
DOAÇÕES
As doações podem ser feitas para:
Banco do Brasil
Agência: 0321-2
Conta Corrente: 128891-1
Cimi Regional Sul
Chave Pix: 566601e8-72b1-4258-a354-aa9a510445d1