A manhã iniciou com sol forte e calor de 26 graus, na Capital Federal. Mesmo nessas condições, mais de de 5 mil mulheres indígenas caminharam rumo à Esplanada dos Ministérios. A mobilização marca o último dia de atividades da III Marcha de Mulheres Indígenas. Ao longo dos seis quilômetros, segurando faixas e cartazes entoaram cantos, rezas e gritos que ecoavam pela demarcação de seus territórios e a garantia de seus direitos fundamentais. Ao chegar próximo da Esplanada, Varisa, liderança do povo Puyanawa, da região do Vale do Juruá, no Acre, conta que essa sua primeira participação na Marcha, ao lado da filha, valeu a pena e “que hoje a gente representa essa classe feminina que está junto para fortalecer o movimento, trazendo a nossa força, a nossa energia da floresta e que, juntas, somos mais fortes para lutar por nossas causas”, afirma.
Ao marcharem de volta ao Complexo Cultural Funarte, sede do encontro, ocorreu um diálogo entre a ministra dos Povos Indígenas Sônia Guajajara, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Foram assinados dois atos pelo Ministério dos Povos Indígenas. Um deles, cria grupos de trabalho para o fomento de políticas públicas para mulheres indígenas e um acordo de cooperação técnica para prevenção e enfrentamento à violência de gênero, criando assim, a primeira Casa de Atendimento à Mulher Indígenas em Dourados no Mato Grosso. A ministra Cida explica que “a casa terá mulheres indígenas realizando atendimentos na sua própria língua, profissionais indígenas para que possam garantir atendimento. Mas, sabemos que só isso não basta! É necessário ter a Casa da Mulher Indígenas nos biomas, nos territórios onde estão as mulheres”, disse.
O outro ato, firmado com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), prevê o fomento para a formação de recursos humanos de alto nível no país e a pesquisa científica, por meio de ações ou programas direcionados ao desenvolvimento científico e à inclusão acadêmica dos povos indígenas. Para a Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, os acordos firmados, que culminam a III Marcha das Mulheres Indígenas, ampliam os espaços e vozes das mulheres originárias “após muitos anos de marcha, que a gente também resistiu a estar ocupando a institucionalidade, a gente também resistir a compor governos, mas agora saindo de um período tão sofrido que foi, aproveitamos para refletir e pensar estratégias de luta”, afirmou.
Após três dias de grupos de trabalho por biomas, plenárias com lideranças indígenas e também diálogos com mulheres negras e quilombolas, a III Marcha das Mulheres Indígenas, em Brasília, encerrou com uma celebração cultural chamada “A Cura Do Mundo Somos Nós’, com artistas indígenas da música, como as rappers Katú Mirim e Brisa Flow.