Foto: Jae C. Hong/AP
Foto: Jae C. Hong/AP
Photo credit: Oriana Eliçabe / Paulo Lima / 350.org
A Rádio Yandê entrevistou, o ambientalista Luiz Afonso Rosário, da Liga Brasil de Responsabilidade Sócio-Ambiental. Junto da 350.org ele faz parte da campanha Não Fracking Brasil ao lado do coordenador indígena, o Kaingang, Romancil Cretã.
''O FRACKING é a extração de gás natural por método não convencional, utilizando o faturamento hidráulico nas rochas de xisto, ou shale gas (injeção de grandes quantidades de água em alta pressão e areia), adicionado a mais de 600 produtos químicos, inclusive cancerígenos. Sua perfuração é vertical, a profundidades que variam de 800 à 5 mil metros, conforme a localização na jazida. Como os lençóis freáticos ficam acima das profundidades perfuradas, revestem as tubulações com cimento para tentar evitar a contaminação, porém, como já amplamente discutido e comprovado pelas universidades norte-americanas, o cimento invariavelmente produz fissuras com o tempo e a infiltração é inevitável.'', explica Luiz.
Nos Estados Unidos, o estado de Nova York proibiu o fracking, e Oklahoma, depois do aumento do registro de terremotos.
''A ANP – Agência Nacional do Petróleo alega que esta técnica de exploração de gás não está sendo usada no país, porém, admite que a legislação não obriga a empresa que realiza a perfuração declarar se estará utilizando técnica convencional ou não convencional, portanto o risco ambiental é eminente e extremamente danoso ao meio ambiente e aos Povos e Comunidades Tradicionais, além de que não há fiscalização. A técnica do faturamento hidráulico desenvolvida a décadas nos Estados Unidos – estudos revelam que nos anos 70 foi implantada inicialmente em áreas desérticas, como no Arizona e Texas -, porém, na medida que os poços iriam se exaurindo (secando), foram avançando para perto de áreas com maior densidade de populações e produção agropecuária, onde começaram a sentir os efeitos danosos desta exploração de gás, até porque nos desertos, os impactos não eram sentidos e muito menos medidos ou monitorados – ninguém monitora os impactos em colônias de cobras, lagartos, aranhas e escorpiões -, espécies comuns que habitam os desertos.'', diz.
A região amazônica é um das com mais gás e cobiçada por muitas empresas.
''No Brasil, com a intensificação das pesquisas sísmicas na última década – técnica utilizada para identificar jazidas de petróleo e gás, seja em terra ou mar, aplicando ondas sonoras (airguns ondas de ar que refletem na profundidade do local pesquisado e retorna para computadores e softwares que irão formar gráficos sinalizando para a presença ou não de petróleo) e pequenas explosões (de acordo com o Serviço Geológico de Oklahoma, entre 17 e 24 de Junho/2016, o estado americano registrou 35 terremotos de magnitude 4,3 ou superior, um salto enorme em relação à média de cerca de 12 por semana anotados ao longo do ano passado) – identificou-se num mapeamento dos grandes blocos de jazidas de xisto no país – conforme mapa abaixo destacado, fonte ANP – acrescentando ainda que as pesquisas sísmicas continuam, a todo vapor nos dias atuais, com fortes indícios que a Amazônia brasileira será o grande “el dourado” do gás – não por acaso, foram investidos milhões de dólares na construção do gasoduto Coari – Manaus – com fortes impactos aos indígenas e pescadores artesanais.'', comenta.
Luis Padilha (CIMI), Luiz Afonso Rosário (350), André Machado (CIMI), Dr.Thiago Corrêa (MPF), Barbara Silva (350) e Ivanilda (CIMI) – audiência em junho/2015 sobre o Fracking.
Foto: assssoria de imprensa do MPF/CZS.